quarta-feira, 15 de abril de 2020

Ressurreição. A Aliança dos Dois Egos Evolutivos


A Evolução processa-se entre dois Mundos, dois Egos do Homo:
 
  1. O Ego inferior, da margem inferior ou temporal, e da alma natural ou perecível que morre e se desagrega, ficando a Semente, o Átomo-permanente e o Campo de Ressonância que atrai as Substância que vão formar o Eu da personalidade seguinte. É a res extensa, a Existência material. A Persona é "per Som".
     
  2. O Eu Divino, Eu Superior, o Senhor. Ego da margem superior que rege a Evolução e se esforça para que respondamos à qualidade e responsabilidade de sermos Filhos do Divino. É o Eu do perdoai-nos Senhor, do Senhor tenha piedade de nós, etc. É a res cogitans, a Essência. O Eu Espiritual é Luz.
     
    O Mito da formação de Roma, das muralhas da personalidade separada [Romã é a Maçã (“mala”) em evolução], por Rómulo e Remo, filhos de Rheia, a Matéria Virgem, uma Titânida filha do céu (Urano) e da Terra (Geia), que casou com Cronos, o Tempo, que é um movimento incessante que traz o Universo à Manifestação e come os seus filhos que, sujeitos a Ciclos, são mortais. É mais profundo do que o Mito da Eva que teve como filhos os gémeos Abel e Caim, e Caim matou Abel tal como Remo matou Rómulo, porque a Personalidade ficando isolada dentro das muralhas, bloqueia o Eu Superior que permanece no Mundo Espiritual, clamando pelo outro Eu, pela Voz do sangue (o Eu Superior). Remo e Rómulo, os dois filhos de Rheia, a Virgem fecundada por Marte (Espírito Santo), foram postos na margem de um rio (representam as duas faces de Jano), e salvos pela loba, que significa a vida instintiva, que ensina a sobreviver. «Salvaram» o Rei de Alba, Ilha Branca, que representa os Kumaras, os Senhores da Chama, Prometeu. ([1])
    De Mestre Eckhart (1260-1328), dominicano alemão: «As Sagradas Escritura dizem dos seres humanos que existe um Homem externo e, junto com ele, um Homem interno. Ao Homem externo correspondem as coisas que dependem da alma mas estão associadas à carne e misturadas com elas... As escrituras chamam a este todo o Homem velho, o Homem terreno, a pessoa externa, o inimigo, a serva. Dentro de nós está o outro, o Homem interno, a que as Escrituras chamam o Homem novo, o Homem celeste, o jovem, o amigo, o senhor
    Estamos orientados para o prazer sensual e de bens materiais, do Homo externo ou velho, e o caminho espiritual do Homo interno ou novo não é ensinado. Quando o Homo nasce na caverna como ser Divino fala-se na 1ª Iniciação, da alma natural; depois vem Baptismo da Água (rio), de acesso à alma humana, 2ª Iniciação; o baptismo de Fogo, alma Crística, 3ª Iniciação. As duas finais, 4ª e 5ª, são a Crucificação e a Ressurreição. Na Tradição, citam os «rios» que separam níveis de Consciência nos Planos Átmico, Mental e Físico. Dois rios nos separam do Reino de Deus, o de água e o de fogo, os dois Baptismos iniciáticos.
    Os que têm o mau hábito de emitir opiniões sobre temas Espirituais exigentes de Saber profundo, saibam que Rheia Sílvia (o cognome de Rheia significa que a nossa Mãe Divina é a mãe dos muitos, dos silvas, e das sementes que caiem nas silvas e se perdem sem acesso à terra de boa cultura, de cultura espiritual; saibam que Rheia foi condenada a ser Vestal, que significa Chama. Seremos salvos se formos consagrados pelos Senhores da Chama, os Kumaras, os nossos Pais Divinos, que são Andróginos Divinos, o Prometeu.
    É importante o símbolo do rapto das Sabinas que é apropriar-se das substâncias elementais criadoras. As Sabinas serão Elementais dos Três Reinos que organizam as estruturas. Digo «elementais» porque no sXVII, sabino era o «que tem cavalo branco» (Dic. P Machado). Cristo virá neste cavalo puro. ([i])
    Na Evolução, cada Era Geológica é uma Vaga de vida, uma Raça – Raiz. Na 6ª Raça, a mente humana receberá Poderes e Conhecimentos da 6ª Vaga de Vida. A 6ª Sub-raça da 5ª Raça e a 6ª Raça que esta Sub-raça trará, leva à «ligação» do «Eu Superior» ao «eu inferior», do gémeo de cima ao gémeo de baixo.
    No início da encarnação dos Egos humanos houve dois tipos de erros: 1. formas que ficavam vazias de Egos e eram ocupadas por criaturas inferiores, e 2. Cruzamentos com animais. Faz-se referência às Liliths dos Judeus ou Dâkhinî em Sânscrito, corpos de mulheres não ocupados por humanos e se animalizaram; «voavam» porque eram da linhagem dos anjos, perversas mas simpáticas para os humanos. Na Bíblia é feita a referência aos que entraram às filhas do Homo, mas não se diz que o pecado dos cruzamentos com animais, origem aos antropóides sem cauda (chimpanzés, gorilas, etc.) foi a recusa de Egos humanos em entrar em formas primitivas. É um fenómeno passado na mente: o diferendo entre as Sabinas e o Eu Superior que as recusou. ([2])
    Na Antiguidade, a mulher tinha o estatuto de criança e era não imputável. S. Paulo confirma em I Timóteo 2, «não permito à mulher que ensine nem mostre autoridade», o cérebro era dominado por emoções e continua a ser no séc. XXI, nas sem treino científico. O Mestre, enquanto a Ciência não estiver estabelecida, protege-a contra a exploração emocional, por ser uma perda de liberdade indesejável. A mulher será Sofia, Ciência Divina, ao se libertar da emoção sensual.
    A Vinda do Filho do Homo, conceito trazido da Pérsia pelo Cristianismo, é a transformação que mudará a Vida; a união da alma natural (Kama-Manas) no Mundo Temporal, à alma humana, no Mundo Espiritual (Buddhi-Manas).
    O conceito de Filho do Homem, alma humana, completa o de Filho de Deus, a alma Crística, nas três Almas que um dia revelaremos. É o Renascimento do Homem (ideal do sXV), que os historiadores (Ibid. Simon, Benoit, p. 67, 87, 245) citam mas não entendem. Os corpos são estruturas inteligentes que decidem por si mesmos. A criança é uma mente apenas dévica, elemental, a ser desenvolvida até aos 5 ou 7 anos, por via afectiva, sobre o Certo-Errado, depois, sobre o Bem-Mal que é próprio do Homem. Ignorar este facto da investigação oculta, apesar do povo saber que a criança é um anjo, distorce as soluções eficientes para Educar e Instruir. A diferença entre mente de criança e mente de adulto não é de grau, é de outro tipo de «consciência» que ocupa os corpos: – primeiro, a angelical ou dévica, do Certo-Errado, depois a humana, do Bem-Mal. É importante saber isto!
    A Idade de Kali Yuga, começou em 3 108 AC e termina em 428 894 DC, é a Idade das Ghiâdes, dentro e fora de cada criatura. É urgente devolver aos homens a Esperança: transformar os factores de Queda em factores de Ascensão – assegurar a Salvação pela Verdade. Grandes erros dos “spin doctors”, doutores de torcedelas mediáticas ou torcionários culturais, sedutores que destroem a vida. ([ii])
A intervenção de Jesus-Cristo é parte da grande transformação cósmica para facilitar a Demanda do Reino de Deus, no Homo. Graal do Lat. «gradale», tem relação com «gradiens», o que caminha, «gradatio», por ordem dos degraus ou iniciações. Pathos, o Caminho relacionam-no com paixão, sofrer, a qualidade que toca o coração. Lat. «Patientia», de «patiens», paixão. Patena da consagração eucarística. Também «patens», aberto, uma abertura à Luz. Patmos a ilha onde foi escrito o Apocalipse (Revelação) tem relação com Atmos, Atma.
A condição humana foi intuída por José Régio: «O Homem actual está impando de pequenas crenças e ordem social, política, estética, moral – e em razão delas age, e na medida em que se lhe esquiva só pode abraçar o vazio, o caos, a inactividade, o suicídio, o nada. (…)A crença na Ciência e na Técnica é certamente uma das pequenas crenças das religiões contemporâneas
Buddha dizia que havia 100% de doentes mentais. O número de doenças mentais cresce sem cessar, todos estamos doentes, porque não existe uma anátomo-patologia para as justificar nas doenças dos corpos Quânticos. Apareceram os especialistas em acompanhamento filosófico, “Mais Platão, Menos Prozac”. ([iii])  
F. Pessoa, depois de chamar à Justiça «a mais estúpida das ilusões», deu pistas: «temos estes pobres homens acreditando ainda no dogma cristão do livre arbítrio; julgam que um Homem é livre, quando a primeira coisa que a ciência aponta é que um Homem é escravo; julgam que podem alterar a face da natureza humana e acabam com o velho Homem humano – porco, sensual, estúpido, patriota e proprietário...»·([iv])
A vida não é a reencarnação do Ser. É a reencarnação do Eu Temporal, por efeito das qualidades dos Karmas que nos amarram à «roda do Destino» da vida e morte temporal. Os Karmas Nemesis reencarnam. A Evolução faz-se entre os dois Egos, os dois Gémeos: o Ego inferior da Personalidade (Caim, Rómulo), o mortal, perecível; e o Ego Superior, o imortal, Imperecível (Abel, Remo).
O Ev. da Vida Perfeita, The Gospel of the Holy Twelve, foi trazido de um mosteiro tibetano para o Ocidente, pelo Reverendo Gider J. R. Ousley, 1892, é o Evangelho dos vegetarianos. Jesus considerou ilegítimos os sacrifícios animais e falhada a boa-vontade, usou a força, para nos ensinar que o Mal se extingue pela força activa, imperativa contra o Mal, reestruturando a sociedade. ([v])
O vegetarianismo de Jesus é uma forma de transubstanciação, com objectivos analógicos ao sacramento da comunhão. Quando come o bife já pensou que isso o torna”denso”, animal e pouco Homo?! O Evangelho da Vida Perfeita mostra que a Igreja amputou o seu Mestre naquilo que não queria fazer.
Recusem o sofrimento desnecessário. Cozinhar iguarias vegetarianas, deliciosas, sem os efeitos nocivos à Vida e à saúde física e mental, degradada pelo alimento feito de dor. Servir pratos agradáveis, difundir a cozinha vegetariana!
A Hierarquia de Compaixão, o Governo Interno do Mundo, substituiu os grosseiros sacrifícios animais pela dádiva na cruz que representa os dois Mundos da Evolução – Temporal e Espiritual –, e pelos sacramentos: comer o corpo de Cristo e beber o seu sangue, a transubstanciação.
As Três Distinções do Ser reflectem-se nas Três Almas da Humanidade: Crística, Humana, Natural. A conquista da Liberdade não é, seguramente, a de revolucionários ideólogos sem Sabedoria, de partidos políticos. Há três Distinções do Divino que originaram os Sete Raios de Luz, Sete Poderes (Trombetas), Sete Planos em Três Mundos: da Mónada, do Eu Superior e Personalidade. O Universo é um paradigma chamado a Árvore da Vida com Dez Poderes (Sephiroth).
Os Três Mundos do Ser, da Fé, Esperança e Caridade (S. Paulo) e as suas transversais ou fronteiras, tanto podem ser vistos no sentido descendente ou no ascendente! A transversal da Fé ou sentimento é «a casa de Deus». Sentimento do Lat. «Sententia» é ciência, prudência, Sofia. A Ética do Gr. Éthos significa também residência, morada. A nossa Qualidade é a do Ser Divino que nos habita. O Direito só é válido se houver Leis Éticas que não podem ser infringidas. Se a sociedade duvida da existência de Leis Divinas fica reduzida ao direito de regulamentos, normas para se defender da repressão, em que os X Princípios Fundamentais, os Decálogos religiosos são substituídos por regulamentos, que os poderosos não cumprem e os outros, por imitação, tendem a safar-se pela letra de códigos.
«A maioria dos homens, Símias, imaginam que, quando não se sente prazer (...) não vale a pena viver, não se andando longe de estar morto quando não se tem qualquer cuidado com os comprazimentos corporais. (...) Mas a alma nunca raciocina melhor do que quando nada a perturba, nem o ouvido, nem a vista, nem a dor, nem qualquer prazer, mas, pelo contrário, quando se isola mais completamente em si mesma, mandando passear o corpo e rompendo, tanto quanto se consegue, todo o tráfico e todo o contacto com ele para tentar captar o real.» Platão.  ([vi])
A América do Norte é a zona geográfica onde está a formar-se a 6ª Sub-Raça da 5ª Raça Ariana  ([vii]), que incluirá todos os homens de todas as raças que possam activar os «poderes» da intuição na perspectiva das emoções (Kama). A actual «variedade de superstições tende a desaparecer de dia para dia, fundindo-se numa religião única, que parece muito mais racional do que as outras.» ([viii])  
Direito à Felicidade é o direito de ser ensinado desde a nascença em Religião-Ciência, através do ”leite materno”, para ser protegido do império da superstição. Os Gregos esclarecidos por Ciência e Ética viam o Cristianismo como superstição. «Tudo indica que o Império se ocupou apenas de reprimir e conter uma “superstitio nova ac malefica”, uma religião não reconhecida que perturbava a ordem pública. (...) Em 202 (Septímio Severo, fiel de Apolónio-Cristo), promulga um édito que proíbe o proselitismo, quer judaico, quer cristão (...) o regime de interdição é completado pela interdição da propaganda e do proselitismo.»  ([ix])  
O estabelecimento da Ciência (Newton, 1642-1727) representa a Força do 7º Raio através do Iluminismo do séc. XVIII: iluminar a vida, libertar da Ignorância e Superstição igrejista. Criou a necessidade de iluminar as ruas o que levou à luz eléctrica, mas também as almas, Instrução pública, o Naturalismo que gerou Darwin, a Revolução política da Estátua da Liberdade que nasceu da Revolução (1789-99), a Revolução Industrial Inglesa. No sXVIII apareceu na Europa o Iluminismo profano, a ruptura com os igrejismos cristãos acusados de ignorância e superstição, que era preciso erradicar apoiado na Ciência, em Newton, nos utilitaristas de Stuart Mill, no racionalismo de Adam Smith, em Inglaterra, e Voltaire, em França.


[1] Porquê Karma-Nemesis e não apenas Karma, causa e efeito? Porque Nemesis é a cólera Cósmica contra o orgulho, o egoísmo, a impiedade. É o Karma da Qualidade ou Ética. No Mito do V Império vertido em Cartas Cabalistas, vemos acima do carro das conquistas ou descobertas do Poder Divino material, e das bênçãos eucarísticas do hierofante, o Poder Divino Espiritual, que desperta Sofia, Ciência, da Magia do Poder do Amor.
[2] Encontram referências à Vida Elemental, ao facto da criança ser apenas consciência dévica ou elemental e não poder ser educada e instruída do mesmo modo que será após os 5 ou 7 anos, quando a consciência humana ocupar as formas. A relação com as «Sabinas»!



[i]     Platão. O Banquete. Fedro. Apologia de Sócrates. Critón. Colecção Os Grande Filósofos. Ed 70. 2008, Fedro, pág. 182
[ii]     The Geeta. Trad. Shri Purohit Swâmi. Ed. Faber & Faber.
[iii]    Lou Marinoff. Mais Platão, Menos Prozac! Ed. Presença 2001
[iv]    Fernando Pessoa. Sobre Portugal. Recolha de Textos, Org. Joel Serrão. Ed. Ática.
[v]     H. Álvares da Costa. Os Evangelhos dos Essénios. Portugal Teosófico. N º 77, 2000
[vi]    Platão. Diálogos III. Pub. Eur. Am., p. 79
[vii]   Francis Bacon. Nova Atlântida. Ed. Minerva. A Utopia da próxima 6ª Raça Raiz.
[viii] Tomás Morus. A Utopia. Guim. Ed., p. 160
[ix]    Marcel-Simon-André Benoit. Le Judaísme et le Christianisme antique. Ed. PUF

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