segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

2º RAIO: Amor-Sabedoria. Dever Ético


 “A característica do segundo raio é o amor, a positiva expressão e manifestação na conduta daquela sabedoria que por meio da simpatia percebe o estado de consciência dos demais e o tem em conta ao relacionar-se com eles.” Assim escreveu Ernest Wood, nos ensinamentos sobre os Sete Raios. ([i]) Separar o Amor da Sabedoria não é correcto, porque o Amor é a própria Sabedoria, não existem um sem o outro.
Cada um, sendo do mesmo Raio Divino pode ter uma Qualidade própria, mas não cometa o erro de pensar que não têm as outras. Não é legítimo fazer comparações entre ambos, antes compreender o que um e outro Mestre precisam de fazer Evoluir em nós e de resolver as nossas enormes carências e o modo como temos sido seduzidos e manipulados pelos nossos próprios defeitos estruturais. A vida de Buddha foi a primeira tentativa para alcançarmos a Libertação. No tempo de Cristo subimos mais um pouco, mas éramos fracos para tão grande esforço,
É o Aspecto de Deus Filho: amem e façam tudo com a Sabedoria do Pai do Céu. É o Assim na terra como no céu. Fazer da Terra o espelho das imagens divinas que são a Sabedoria. É a Qualidade Divina em nós, a melhor prova da existência de Deus. As Qualidades ensinadas do 2º Raio são: sabedoria, amor, intuição, educação, filantropia, generosidade, compaixão. É o grande doutrinador, o inspirador dos maiores ideais pela via da Qualidade do Ser ou Ética. É a expressão da Paidéia, educar para um objectivo Divino. Faz tudo por Amor e por Amor abre todas as portas.
Encontrar a solução mais compassiva entre todas as possíveis é uma característica dos seres do 2º Raio. No que às Qualidade concerne, o 2º Raio é a luz do Amor universal, da Sabedoria, do Discernimento, da Intuição ou experiência directa da Imagem Divina, a Bondade, a Simpatia. É o Filósofo pelo lado Ético (Filo), o Sábio, o Educador, o Reformador espiritual, o protector Omnipresente de todos os que caiem.
As ausências desta Qualidade são os opostos, praticamente todos os aspectos negativos atribuídos às religiões que não exprimem a Qualidade do seu Mestre, mas exactamente a falta destas Qualidades. As maiores fraquezas são na área dos afectos e da sensualidade; fazem o sacrifício gratuito que o bom-senso desaconselharia. Se for pouco desenvolvido, tende a substituir o Conhecimento por devoção à ideologia, o mais próximo de uma Sabedoria, e isso é muito alienante. A personalidade do Homo pouco desenvolvido, dizem os neurocientistas, depende da emoção, de origem biológica, depende das sensações físicas.
Sendo o 2º Raio da Sabedoria da Qualidade Divina é dependente do acesso a essa Qualidade. Opera no Subjectivo, na relação entre o Movimento, o Poder Divino do qual emanam todas as coisas (I) e as Qualidades desse Movimento (II), convertidas em Leis da Existência e hierarquização (III). O 2º Raio é uma relação entre o Movimento e a formação do Eu que é uma réplica do Movimento. Como se trata de um Saber Último associado ao Saber da Qualidade Divina, pelo facto de não termos acesso a tão altos níveis, ficamos condicionados a ter alguém que nos ensine não só por palavras mas cedendo as substâncias da alma para as vivermos.
Se o ensino for muito teórico, metafísico, não temos capacidade para experimentar. Porém, o conhecimento da Qualidade das coisas só pode ser reconhecido experimentando e não falando sobre ele. O 2º Raio depende da Palavra Justa do poder que a imagem vulgar. A boa aprendizagem é encontrar alguém que seja isso.
A espiritualidade dos casados com os cinco sentidos e que usam emoções como manteiga ou doce de barrar, começam pelo céu azul e o piar dos passarinhos, é a espiritualidade sem lucidez. 130 Anos depois da Síntese universal da Filosofia Perene, feita pelos Mestres de Sabedoria, a ignorância dela, a falta de criatividade, as repetições infindas de mediocridades para sentir, ao modo sensual, obscureceram tudo o que é importante para acudir às necessidades humanas, substituído pelo cariz afectivo de grupos. Não é possível iniciar um Renascimento quando, ao ouvirmos alguém começar com a frase «meus irmãos», imediatamente ficamos na expectativa: que ilusão vai pregar? Uma coisa sabe, ele vai dizer muitas opiniões, sem um facto positivo exacto. ([1])
O tempo do 2º Raio foi o da epidemia dos sofistas, no sentido de enganadores, e das gnoses, algumas abstrusas, que acabaram por ser reprimidas pelos transtornos que causavam. Substituir Verdade por arroubos afectivos é doença! Um dos aspectos mais negativos do 2º Raio, imaturo, é a excessiva lentidão, tantas são as variáveis que ele tem de equacionar para decidir Justo. Na Sabedoria de Ser, o Homo do 2º Raio é capaz de encontrar a melhor via, o problema é a ausência de Filosofia Perene e de Sofia experimentada. Assim, ele resvala para a doutrinação, sofisma, catequese, apologética, hierofania, é controlador, dogmático, proselitista.
Os do 2º Raio exercem uma enorme sedução e ao afastarem-se da realidade existencial, entram no mundo de faz de conta. Se não compreender o vivido do Amor Divino confundem-no com o amor sensual, erotismo, exacerbação sexual. As igrejas tiveram os teólogos do 2º Raio que foram incapazes de revelar o Amor e transformaram as Fés em dogmas e intolerância. A Qualidade é melhorada com a Substância de pensar que alguém nos dá de si mesmo, não com palavras sem substância. Este dador de vida, que é o 2º Raio, melhora tudo pela Presença.
Os mais desenvolvidos deste Raio fazem uma opção natural pelo Eu Divino, chamado desde a Antiguidade Nosso Senhor, que não é Deus propriamente dito, como os cristãos julgam, é o nosso Eu Divino, o Gémeo de cima. É espontâneo, neste Raio, viver em função da voz do Sangue, no aspecto superior do símbolo, não das hormonas ou neuro-péptidos comportamentais. Compreender o serviço aos outros, as necessidades dos outros e não transformar a caridade em má peça teatral da sua própria auto-estima.
É cada vez mais premente fazer tudo em nome de Nosso Senhor (conhecendo o conceito real, não o popular). Cresce a confiança no poder do Amor e da Compreensão, um ânimo de transformar todas as coisas. Ao apontar faltas, os do 2º Raio eventualmente as dizem com dureza, mas evitam atirar pedras, retribuem com o Bem e Bondade transbordante.
É uma relação diferente do 1º Raio que tem confiança na Vontade dos outros para manifestar o Divino que eles são. A confiança no 2º Raio não é a da Vontade de Ser mas é o Amor-Sabedoria de Ser, partilhar a Qualidade pela Omnisciência. Porém, o que não conseguimos ser, revela-se como o contrário da Qualidade do Amor e da Preservação da Vida. Se há vazio de substância de amar, fala-se de amor sem amor (Saber).
O Evangelho de Tomé o registo das palavras do Mestre tem o nome de Lógia (de Logos, o Verbo e também a palavra do Senhor). Foi descoberto no Alto Egipto, em 1945, pelo arado dum agricultor. Ensina a Filosofia Cristã de modo Imperativo, do Dever, na visão de Jesus, 6º Raio.
A cor é a amarela dourado e azul. A Música é a sua melhor manifestação. Pedra preciosa: Safira.


[1] Se teve uma experiência de morte em curso (NDE) e ficou pairando acima do corpo, vendo o que se passa; se teve uma experiência de ser «sugado» em um «túnel» (?) para outro Plano, com luz própria, o Astral, faz o mesmo que os mais avançados, como HPB. No sXIX esta discípula, isolada num quarto sem livros, doente, nesse silêncio para escrever a sua obra maior, a mando do Mestre, ia consultar textos antigos e exemplares raros, em Bibliotecas a milhares de quilómetros e trazia fotocópias astrais que só ela via (centenas de referências) para estudo, materializando algumas para que os outros pudessem lê-las. Foram precisos muitos anos para reuni-las e verificar que estão certas. Ela viajava nos «corpos» da experiência de morte... Como ousam dar opiniões sobre o que nunca estudaram, quer clinicamente, quer na Tradição dos povos? Porque não admitir que nada sabem sobre o assunto? Estamos a apresentar dados de experiência acima dos cinco sentidos físicos porque o Homo não é apenas o corpo biológico, tem corpos com forma e sem forma, para evoluir em cinco dos sete Planos Cósmicos e nas Sete Qualidades. HPB é a demonstração prática, a gente vulgar teve-a por estar a morrer, HPB tinha-a por estar viva e precisar de viajar instantaneamente em outros Planos. Referi este facto para o consolar de traumas psicológicos.  Essa Medicina do futuro está por fazer.  



[i] Ernest Wood. Os Sete Raios. Trad. Ed. Pensamento. Brasil.


Humberto Álvares da Costa (Médico)

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