quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Renascença. Ciclo Espiritual Histórico. Nova Qualidade de Vida

Paul Faure começa o seu livro sobre O Renascimento (Pub Eur.-Am.) assim: «A palavra Renascença, na sua acepção primeira, pertence ao vocabulário religioso... Traduz a palavra palingenesia da teologia grega... na linguagem mística, renascença e regeneração são sinónimos. Pela graça, pela purificação ... ou então pela ascése, retoma-se uma vida diferente e melhor: renasce-se para a vida». Calvino, nos comentários ao Ev. João, usa indiferentemente o significado de reformação, regeneração, renovamento. «Não oferece grande dúvida que os seus contemporâneos, no entusiasmo das grandes descobertas... acreditaram assistir mais a uma regeneração espiritual do que a um regresso análogo ao da primavera...» O autor diz que é uma palingenesia que significa Reencarnação, Metempsicose. É se entenderem que além do Homo mortal, perecível que transmite os seus átomos de uma para outra vida, de facto há o Homo Espiritual superior ou Imperecível que até agora mal se manifesta por falta de condições e erros evolutivos que criaram bloqueios.

Os religiosos interpretaram o Renascer de vários modos: morrer para o pecado e renascer para um Cristianismo original; recuperar a Filosofia Greco-Romana; a”ressurreição” da Antiguidade; e, finalmente, os mais Esotéricos, a tradição Esotérica (revivescência da Cabala, Hermetismo como primeiro passo para o nascimento do Novo Homem, com acesso ao Eu Superior. Para a maioria, com o afluxo de riquezas que as Descobertas marítimas trouxeram, a Renascença foi: «A fortuna e o saber conferem a independência, isto é, a felicidade, a alguns privilegiados, como a Graça Calvinista aliás.» A Renascença acabou por ser uma grande curiosidade intelectual, renovação de ideias, mas um retorno à escravatura e à exploração que fez alguns muito ricos e levou ao grande capital e à maior miséria. A Renascença não chegou a ser Ressurreição e foi reduzida à boa vida material e a um aumento enorme da sensualidade e apetência afectiva. O nascimento do Homo Espiritual, acabou em muitos teres e o poder de escravizar os outros, que explica porque somos infelizes! Tem a consciência a Trino Sabedoria dos Mestres está a tomar um curso que tem todos os indicadores para temer que o mesmo erro se repita? – O Renascimento do fim do século XXI pode ser mais uma mera Renascença incapaz de trazer a regência do Eu Superior e a Paz e bem-estar à humanidade.

Até a Arte e a Ciência podem causar distúrbios psicológicos desta natureza quando o terreno de cultura é infértil, impróprio de um ser humano! É impossível evitar tais acidentes enquanto o Homo não tiver acesso ao nível da Mente do Mundo Espiritual. Há poderes libertadores determinados pelo despertar da mente objectiva ou científica. Temos o dever de encontrar os paradigmas da Nova Idade (como os Romanos instituíram os da Civilização recém terminada), e apresentá-los aos homens. Se não conseguirmos, morremos antes de compreender qual a mensagem mais adequada aos tempos. Em algumas Universidade começa a haver um interesse e cursos sobre o Esoterismo Ocidental – desde Pitágoras, Platão, Neoplatónicos como Plotino e Orígenes, a filósofa grega Hipátia (c. 370-415), mulher genial que ensinou na escola Neoplatónica e foi mandada trucidar por um Bispo, em Portugal o mártir Bispo Prisciliano e os seus discípulos. Mais tarde, Giordano Bruno, os Neoplatónicos Florentinos que tiveram influência em Portugal, em Camões, João de Barros, etc. Recentemente, Fernando Pessoa, Lima de Freitas, e um grupo numeroso, abriu caminhos ainda por divulgar e não têm o merecimento devido. Fica entendido que o sentido da Renascença devia ser o 2º Nascimento, da Promessa recebida no período Cretáceo da Era Secundária e estamos a alcançar o ponto crítico da mudança da mente em que a transformação da personalidade (Ressurreição) é possível. Quando acontece é abrupto o nascimento em nós o outro Homo diferente do Homem Velho.

No superior o Divino é o todo compassivo; no inferior, na personalidade é o aspecto de tremor e temor. A Lei do Karma é retributiva - benéfica para a conduta justa; terrível para a conduta injusta. Diz:

 

«A dominância de uma filosofia materialista que considera a mente e a consciência fora do alcance da lei tem encorajado a popularização do”faça aquilo que lhe apetece”, invocando a liberdade de pensamento e de acção. As pessoas pensam e agem assumindo que são livres de fazer o que gostam. A distinção entre bem e mal está a desaparecer gradualmente e a única coisa que leva algumas pessoas a pensar que uma coisa é má - é o medo da punição física directa. (...)» I. K. Taimni

 

«Quem adoptar métodos de terror ou fizer outras iniquidades sob a ilusão de ser suficientemente poderoso para evitar qualquer retaliação, deve saber: a reacção retributiva é inerente a cada uma dessas acções e aparecerá de algum modo, algures, mesmo que não haja hipótese de isso acontecer, nas presentes circunstâncias». Taimni

 

Quem matar pelo terror, morrerá pelo terror. Quem atemorizou será atemorizado, em proporção. Quem brutalizou será brutalizado. Tal acontece por a Vida estar sujeita a Ciclos da Qualidade do seu Karma-Nemesis. A miséria e infelicidade humanas não têm cura nelas mesmas! Quem anseia pelas forças libertadoras de retorno ao Divino, morador do Homem, tem de equilibrar as forças de aprisionamento no Mundo Temporal, regulamentadas pela Lei do Karma. Um modo de se libertar da prisão ao Mundo Temporal é centrar-se no Mundo Espiritual. Em termos de equivalências, o Mundo Temporal é o infra-diafragmático; o Espiritual, é o acima do diafragma, o tórax ou coração e a cabeça, os dois mundos superiores. Se estiver centrado no coração, Compaixão, Fraternidade, Harmonia, e "ignorar" quanto venha de «abaixo do diafragma», liberto-me das Leis da Polaridade, Ciclos, Karma, Evolução. Isto é válido até no modo com a «alma» sai do corpo no pós morte. Pode sair acima do diafragma e vai para Planos elevado ou para baixo... 

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