As Igrejas e sociedades Cristãs mais esotericamente informadas foram sempre minorias. Perseguidas, não assumiram a função de transmitir às culturas onde viveram uma mensagem de espiritualidade ou fizeram-no deficientemente; não intervieram na formação de ideais aceitáveis pelo povo, e quando o fizeram produziram revoluções sangrentas porque também elas se politizaram. Não é possível reformar a Cultura sem a Religião da Trino-Sofia, o núcleo. O início da Fé Cristã foi marcado por uma violenta revolução cultural alheia ao pensamento do Mestre. A segunda manifestação de Cristo como Apolónio de Tiana, um Pitagórico, foi exemplar de respeito pelo chamado Paganismo e por todas as Religiões. Limitou-se a corrigir um ou outro aspecto mais negativo dessas expressões de Fé. E condenou todas as formas de opressão e tirania, com rigor e algum "radicalismo" benfazejo, característico dos Mestres do 6º Raio. Logo no início da Revolução Cultural Cristã (aparentemente mais política do que religiosa), houve uma ruptura com a tradição e o passado, e em Ciência Esotérica, um grande retrocesso, com graves conflitos sangrentos, por incompatibilidades de interesses. Algumas doutrinas ensinadas pelos Mestres foram rejeitadas. Perseguiram quem aceitasse as Doutrinas da Reencarnação ou Preexistência. Foram eliminadas as referências a esse factos essenciais, condenados, em 553, no Concílio de Constantinopla, por imposição do Imperador Justiniano. Infringiram os dois Mandamentos de salvação: Ser casa de Deus, Honrar os Pais, os Mestres.
O Imperador do Império Romano do Oriente, tinha razões
psicológicas ligadas à sua vida privada; e encontrava eco, em desejos
colectivos a que deu voz. Justiniano havia casado com a amante, filha de um
domador de circo e tentou apagar o passado da imperatriz; eliminou todos os que
a haviam conhecido. Os Imperadores não casavam com amantes filhas de domadores
de circo! Saberia ele quanto essas mortes iriam torturá-lo? Preferiu mudar a
Lei e pô-la ao seu jeito, a mudar de comportamento. Como a Lei Divina não é
alterável por decretos, a Humanidade vive em conflito entre a sua realidade
interior e as doutrinas exteriores transmitidas pela tradição. Tudo devido às
aberrações dos poderosos e da classe educada, sancionadas pelas Igrejas!
A história inicial do Cristianismo está manchada de acontecimentos perversos. A perseguição romana aos cristãos não ocorreu por eles serem um novo credo, mas por serem terroristas que abalavam as estruturas sociais e culturais. Os Romanos eram tolerantes em Religião e assimilaram tradições gregas, persas, orientais, sem problemas. Também integrariam as doutrinas Cristãs! É hoje conhecido o facto de alguns dirigentes Romanos, incapazes de controlarem a revolução, haverem tentado opor o Mestre ao Mestre, Apolónio de Tiana a Jesus, o Cristo grego ao Cristo aramaico.
Os Gregos também se opuseram ao Cristianismo porque acusavam
a nova Fé de usar os seus símbolos e orações, como o Credo, plagiado do ritual
das Escolas dos Mistérios Gregos (raízes da sua cultura), e adaptado a uma ideologia
com má interpretação de factos espirituais básicos, conhecidos pela classe
educada. Chegaram a enviar ao Imperador uma petição para proibir a cristandade
de utilizar e adulterar os símbolos religiosos gregos como se fossem originais
da sua Fé, com evidente despudor demagógico e falta de sentido da verdade.
É essencial rescrever a História à luz da teoria dos Sete
Ciclos de 300 anos de uma Idade de 2160 anos (2155,6 anos). Por exemplo, o
período Devocional sXII-sXV. A maioria reconhece que o sXII foi dos séculos com
melhor qualidade de vida. A «renovatio» do sXII espalhou-se tanto entre
religiosos como laicos. A superioridade clerical mantida através da coerção e
do medo ou terror, foi posta em causa e no fim do ciclo «a religiosidade
evangélica foi substituída pelo humanismo escolástico; quando o Homem Bíblico
da vida apostólica foi superado pelo Homem Natural das Escolas.» Se revirem
a História, com os Mestres, vêem. ([ii])
As revoluções são incontroláveis e a Revolução Cultural
Cristã expandiu-se em terror e espoliação das classes capitalistas, religiosas
(ditas pagãs) e culturais da época. Destruíram tudo - templos, símbolos,
bibliotecas e ocuparam a grande propriedade. Em poucas décadas o Cristianismo
nascente era um poder temeroso para quem não fosse cristão, sempre em risco de
ser "saneado" física e materialmente. Os modelos revolucionários
contemporâneos repetiram experiências do passado; nada inventaram.
Continuaremos a ter de comer, sem cessar, toda a imundície que produzimos. Salmos 75:8.
Quando um discípulo de S. Paulo quis corrigir os textos das Epístolas do seu
Mestre, mataram-no.
A Lei do Karma rege o nosso Destino. No Ocidente está
censurada nas grandes Religiões exotéricas, embora os esoteristas dessas mesmas
religiões a conheçam. É a Lei das Leis, em cima; é Karma Nemesis, em baixo; e
também se chamam karmas aos atributos que reencarnam. S. Paulo chamou Lei ao Karma das Leis de
Descida e disse que a Lei seria superada pela Graça ou Ascensão.
HPB deu na DS uma visão unitária da Lei do Karma e escreve: “A Vida Una está intimamente
relacionada com a lei una que governa o Mundo do Ser – Karma.”
Por outras palavras, a
Unidade da Vida é a origem e a Lei do Karma, o Aio, conduz o Homo à sua
origem, cumprido o Ciclo de Necessidade que é um movimento descendente
de separação e ascendente de reintegração. Neste perspectiva, todas as
Leis que regem o Ciclo de Necessidade, que traz as criaturas à Existência
e lhes desperta a Essência, são subsidiárias da Lei do Karma, em senso
lato.
A partir da diferenciação entre Essência e Existência, HPB
faz distinções: «Exotericamente (Karma) é simples e literalmente “acção”, ou
melhor, é uma causa que produz efeitos. Esotericamente, é uma coisa de facto
diferente, no seu amplo espectro de efeitos morais. Ela é a infalível Lei da
Retribuição...» HPB completa com a distinção entre o superior e o inferior:
distingue entre o Protótipo Celestial do Homem e a sua reflexão
mortal. Ora, a vida de cada um «está sempre de acordo com a
«Constelação» sob a qual cada um nasce, digamos, com as características do
princípio animador, da divindade que a ela preside, que lhe chamemos um Dhyan
Chohan na Ásia ou um Arcanjo nas igrejas gregas e latinas.» Acrescenta: «Sim,
o nosso destino está escrito nas estrelas! Assim, quanto mais íntima for a
relação entre a reflexão mortal do Homem e o seu protótipo (entenda-se entre
a Personalidade e o Eu Superior), menos perigosas são as condições externas
e reencarnações subsequentes – às quais nem Buddhas nem Cristos podem escapar.»
Retribuição é mais amplo do que causa-efeito: acentua a Qualidade!
Então parece haver duas”distinções”, o lado da Essência
relacionado com o Campo de Energia e o lado da Existência, o da
Substância. Também entre o superior, domínio da Essência, Futuro, e o inferior
afim da Existência, Passado. Para concluir: « (o Homem) não pode
escapar ao Destino que o rege mas... há condições externas e internas que
afectam a determinação da nossa vontade sobre as nossas acções e está no nosso
poder escolher uma das duas.» A Lei será de Karma (Causalidade), ou
de Retribuição conforme o lado e o sentido para onde pendermos. Sentido
é: ou para o Protótipo Divino, Graça, em cima, ou para o reflexo
mortal em baixo. Para cima, tem a liberdade de mudar a Essência,
para baixo tem a fixidez da Existência. Isso justifica o ensino de S.
Paulo que chama aos Poderes de cima, da Essência, a Lei da Graça, e aos Poderes
da Existência, a Lei - fixa, rígida, inamovível. Entre o superior da Essência e
o inferior da Existência - está a Lei da Harmonia. Esta Lei harmoniza
as flutuações, os Ciclos, e por esse Aspecto da Lei temos sempre um destino
feito à nossa medida. Karma pode ser harmonizado: «O único decreto do Karma
– um decreto eterno e imutável – é a Harmonia absoluta tanto no mundo da
matéria como no mundo do Espírito. Todavia, não é o Karma que nos recompensa ou
pune, somos nós que nos recompensamos ou punimos a nós próprios conforme trabalhamos
com, pela e através da natureza, submissos às leis das quais a Harmonia
depende, ou infringindo-as.»
A Neurociência abriu novos campos de conhecimento mas também
novos pantanais de erros, no modo como os cientistas os interpretam, apoiados
em filosofias, Descartes, Espinosa, etc., mas não na Filosofia Perene dos
Mestres. O título é o mesmo da próxima bienal de Sydney, porque se o Homo
inferior é bioemocional, os sentimentos, que deviam continuar misteriosos,
parecem fora deste complexo e, como diz Damásio, eles são privados e
inacessíveis e devem ser distinguidos da emoções. Saber que existe um Homo
inferior bioemocional creio que ninguém duvida, depois de ler a introdução
à Antropogénese, uma parte essencial deste estudo, pois sempre foi ensinado,
não precisávamos de neurocientistas para o dizer e advirto os espiritualistas
da fantasia, que a fuga para o bioemocional não é espiritualidade, é, tout
court, doença. Os Mestres publicaram as directrizes através de A. P.
Sinnett e H.P.B., e não se justifica que em vez de serem fiéis ao original,
extraído do ensino universal dos povos e bem documentado, vão atrás de
revelações não compatíveis com esse ensino e de gurus sem a experiência dos
Mestres. Têm todo o direito de o fazer e eu o direito maior de não pactuar na insensatez.
Por causa da unificação inferior das estruturas da
personalidade por um novo poder que lhe vem de cima - o sentimento -, Espinosa
está na moda, sem que a classe educada compreenda a origem e o significado
profundo do ensino de Espinosa. ([iii]) Sem conhecer a
constituição do Homo total não creio que seja possível distinguir que, ao
contrário do que a ciência materialista pensa, o cérebro não apareceu primeiro.
O primeiro corpo do pré-Homo foi uma reflexão ou imagem de Inteligência Divina
que gerou o campo de ressonância e um corpo de substância etérica e astral, à
volta dos quais se formaram e geraram as outras estruturas do Quaternário. Ao
contrário da regra, os Seres nasceram do Nada.
Sendo o 6º Raio relacionado com essa volição emocional
nascida em baixo nos homens não desenvolvidos e, em cima, na Vontade Divina,
nos desenvolvidos, a próxima Humanidade (6ª Raça) terá de ser educada pela via
da Arte e sabendo as razões porque é assim. É fundamentalmente a aplicação da
cinta de Paulo, deixar de ser sensível às emoções nascidas dos sentidos e do
gosto e não gosto e ser sensível aos mais profundos sentimentos do nível
Espiritual ou Superior do Homo. Não significa renúncia às Emoções mas uma
conversão das Emoções para deixarem de ter uma origem no complexo bioemocional,
dos sentidos, sensações, percepções que determinam emoções inferiores, de
animal, condicionadas pela bioquímica comportamental, factores neurológicos,
etc., e pela alma natural formada na Natureza e passem a ter origem nas duas
verdadeiras almas humanas do Mundo Espiritual, a do Filho do Homo e a de Cristo
em nós. É pela acção destas almas que nasce a obra de arte. A futura Cultura da
Arte pode se entendida do modo como Jinarajadasa descreveu os Três Estádios
Humanos: 1º da Paixão; 2º do Mental; 3º da Intuição. É esse novo Estádio que
vos propomos alcançar.
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