Muito importante foi a correlação negativa entre confiança e
crença religiosa: «se não podes confiar nos outros tens de ir confiar num poder
superior” (antropomorfizado claro). A falta de confiança nas pessoas aumenta
as necessidades de fé religiosa.» Outra observação de James Rilling,
Universidade de Princeton, em estudos de imagiologia cerebral as imagens dos
centros de recompensa são iluminados. (Neuron Vol. 35, p. 395). Com estas
experiências aprendemos que as doutrinas do Austríaco Konrad Lorenz, laureado
com o Prémio Nobel e que revolucionou o estudo dos comportamentos mostrando as
analogias entre comportamentos humanos e comportamentos animais, a maioria
deles de modo inconsciente, deve ser mais complexa do que uma simples
continuidade comportamental. Konrad Lorenz procurou as raízes evolutivas que
lhe permitiram falar sobre a Agressão (On Agression, 1966). Assim nasceu
a Etologia, uma palavra que deriva do Gr. Ethos que significa carácter
habitual, costume, maneira de ser ou hábitos. Ele vê na agressão um
instinto animal básico: na escolha dos machos e fêmeas dominantes, para
assegurar recursos, um território e a protecção das fêmeas e da sua prole... À
luz destas observações a agressividade era herança animal.
Uma outra palavra, a Ética, deriva do Gr. Ethikós,
pelo Lat. Ethicu, com o significado de moral, do Lat. mos, moris
que também significa costumes, hábito, virtude e natureza essencial. Morem
gerere animo fala-nos do modo como o ânimo é dependente dos costumes
instituídos e se queremos mudar o ânimo para melhor, temos de mudar, de modo
científico, os maus costumes. No Magnum Lexicum Latinum et Lusitanum,
a palavra ethos é referenciada como “costumes”,
“moral”. Ethologia é definida como – arremedo, imitação dos
costumes de outro. Quando transmitimos uma Qualidade é um vivido um modo de
Ser e podemos transmitir o modo de ser pelo costume, a prática diária, difícil
por definições ou palavras. A etimologia de Ético como morada da Qualidade
Divina é fundamental! Portanto, o termo Ética tem várias vertentes interligadas
entre si.
As concepções de Konrad Lorenz tiveram uma enorme
importância em Medicina que ficou mais materialista e descrente do Divino no
Homo, base da confiança no Ser Humano. Sem darmos por isso, o doente passou a
ser um animal que sofre, que normalmente se comporta como um animal e nunca
como um Ser Humano, que é tratado por um tecnocrata especialista em lidar com a
crise. Com tal desconfiança generalizada, parece impossível resolver a situação
que evoluiu para o sistema judicial americano, o maior símbolo da desumanização
em nome da Liberdade, numa sociedade violenta, hostil à grandeza da gente justa
e solidária que aí vive. Os especialistas do desenvolvimento psicológico das
crianças publicaram trabalhos em que demonstram que as crianças não reagem
automaticamente pela agressão. Quando o conflito nasce entre elas tendem a usar
estratégias de prevenção. Não significa que não haja conflitos entre crianças
mas que elas procuram oportunidades para dialogar e negociar com os outros numa
base de justiça, de igualdade e de liberdade, passam logo à agressão.
Outros especialistas, os primatologistas, que estudam comportamentos
de gorilas e chimpanzés, dizem que neles existe uma base biológica para existir
uma predisposição ou vida social. Os animais têm conflitos mas desenvolveram
técnicas de evitar estados de tensão. Os chimpanzés procuram a reconciliação
com beijos e abraços para não terem de suportar uma luta fratricida. Muitas
vezes as lutas na comunidade são seguidas de experiências deste tipo que
restabelecem a concórdia. Existe uma base biológica para a concórdia e os seres
humanos deviam ser treinados para desenvolver a base biológica do altruísmo. Há
uma alternativa aos estudos de Lorenz sobre instintos agressivos. Os
primatologistas falam cada vez mais dos instintos de solidariedade nos primatas.
Recordo S. Paulo aos Ef. 1:7,8: para «o perdão de nossas falhas, segundo a riqueza de sua benignidade (...) fez abundar para connosco em toda a sabedoria e discernimento» (bom senso). S. Paulo diz que é Sabedoria e Prudência (Sabedoria de Ciência ou ordenada).
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