Andrew Tomas escreveu um livro dedicado ao Mestre Morya, o
Mestre do 1º Raio, em Shambala, o centro espiritual a partir do qual o mundo é
vigiado dentro dos limites das Leis. Também opera a partir de outros lugares.
Foi um dos dois Mestres fundadores da ST que coligiu a Teosofia tal como foi
inicialmente apresentada aos povos. Para o Mestre, o ensino podia ser
confirmado nas referências exactas existentes, indo procurá-las onde elas
estão. Significa que podemos fundar uma Filosofia Divina através da
investigação das origens do ensino espiritual e religioso e não inventar
filosofias. Se o fizermos sem o ”mapa” que os Mestres desenvolveram para nos
ajudar, o mais provável é haver maiores confusões.
O livro trata da viagem iniciática de Apolónio de Tiana, um
dos veículos de Cristo no início da Era Cristã ([i]) e completa outras
investigações sobre o Mestre Apolónio de Tiana ou Apolónio-Cristo. ([ii])
No início da Era Cristã houve uma luta fratricida entre os fiéis
de Jesus-Cristo e de Apolónio-Cristo. Nesta Ghiâde, os fiéis do Cristo Aramaico
venceram e mataram os fiéis do Cristo Grego, destruindo-lhes os textos e a
biografia, cuja investigação foi encomendada a Filóstrato pela mulher do
Imperador Septímio Severo, Júlia Dona, por volta do ano 200. De Apolónio pouco
restou. Os templos erigidos a Apolónio-Cristo, por Caracala, foram destruídos.
A verdadeira Sabedoria exige o Rigor que só a Ciência dos Mestres provê.
Sobre Jesus não existe documentação. De Apolónio houve 97
cartas dirigidas aos Imperadores, o Diário de Damis, o discípulo que o
acompanhou durante anos e uma biografia. Muitos na época se interrogavam em
quem deviam concentrar a fé: as doutrinas eram iguais, os milagres de Apolónio
eram mais numerosos e os talismãs que o Mestre deu para os proteger de
tempestades e outros riscos, eram eficazes. Apolónio nasceu em Tiana, na
Capadócia, a actual Turquia julga-se que cerca de 4 anos antes da nossa Era, e
viajou por todo o Império, tendo sido feito prisioneiro do Imperador, por duas
vezes, por razões de estado, que Apolónio criticava sem temor. Tendo nascido em
uma família rica, deu todos os seus bens logo que o pai morreu. Frequentou a
Escola de Asclépio para ser Médico e cumpriu os cinco anos de silêncio da regra
Pitagórica.
Apolónio era um poderoso Iniciado e deu mostras de enfrentar
todas as injustiças, impondo o Dever. Um dos seus modos de actuar ocorreu num
ano em que havia fome e os mercadores usaram a falta de alimentos para fazer
subir os preços. Apolónio foi ter com eles para os convencer a baixarem os
lucros. Correu mal e logo os ameaçou de usar a Força: «a Terra é mãe de
todos e é justa. Mas vós sois injustos porque quereis monopolizar esta mãe só
para vosso proveito. Se não vos arrependerdes não permitirei que vivais.» Os
preços desceram de imediato. A «ordem» é ofensiva da beatice cristã; o Dever
Divino está acima da Vida, quem não cumpre os seus Deveres para com a Vida não
merece viver!
Apolónio tinha recebido das mãos do sacerdote de Apolo do
Templo de Dafne as placas que Pitágoras usara para ir receber a sua Iniciação
em Shambala, o Governo Interno do Mundo. Nelas estavam assinaladas os pontos de
referência que devia percorrer até ao Tibete. Apolónio e o seu discípulo Damis
que encontrara na Babilónia fizeram a pé essa viagem de centenas de
quilómetros. Quando chegaram ao local, as placas deixaram de funcionar e
Apolónio teve de ser oriental por uma Força Espiritual que o guiava. A magia do
local foi relatada por Damis.
Os Mestres fazem-se rodear de um círculo mágico perigoso
para quem Eles proíbam. Os nativos chamavam a esta terra «a fronteira
proibida dos deuses». O caso não era para menos, quando olhavam para trás a
paisagem tinha mudado e não havia referências. Aquilo que Damis conta é uma
terra maravilhosa onde não havia luz mas pedras fosforescentes, as pantarbes
que iluminavam como se fosse dia. Os Mestres para se deslocarem podiam
controlar a gravidade apenas com um bastão que batido no chão os fazia erguer e
viajar acima do solo. Reza o Diário, que Apolónio esteve alguns meses neste
Centro Espiritual.
Os Mestres encarregaram o Iniciado Apolónio de duas missões:
enterrar certos talismãs espalhados pelo Império até à Península Ibérica, para
serem utilizados nas grandes transformações em curso; fazer a transição dos
Imperadores ditatoriais (Calígula, Cláudio, Nero, Vespasiano, Tito, Domiciano,
para os Imperadores do tipo Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco
Aurélio, que responderam às necessidades do povo e eram sensíveis à Educação e
Instrução.
Os materialistas estão a espoliar a Vida Espiritual; dão
esmolas aos pobres que ficam dependentes e escravos deles. Com mão pesada
conseguiu alterar a crise da Civilização de Roma e proporcionou um grupo de
bons Imperadores, na mudança do Ciclo. Muitas vezes vou referir o Gitâ, o livro
de 3 102 AC de Krishna ou Cristo no início de Kali Yuga, em que foi ensinada a
Filosofia do Dever Divino para esta Idade. Se tivessem lido o Livro (Baghavad
Gitâ), para todas as religiões do mundo, era muito mais fácil compreender o
ensino religioso posterior.
A Vida destes dois Grandes Seres representa o que
Jesus-Cristo disse em Mat.
10:34-37: «Não penseis que vim estabelecer a paz na terra; vim
estabelecer não a paz mas a espada. Pois vim causar divisão...» Estamos em
era de ruptura com uma Era Evolutiva: da passagem das culturas do Eu inferior
para o Eu superior. Sendo a Verdade Espiritual tão diferente, quem não estiver
em conflito com a sua cultura, com as ideias por todas repetidas, com hábitos
de vida consagrados, não pode ser candidato a discípulo de Cristo. Para
ascender no Caminho para Cristo, necessário é cortar as amarras ao inferior, pela
Espada. A Presença da Espada em qualquer iniciação tem este significado:
circuncisão do coração! É um símbolo de morte das sensações e das emoções
desencadeadas por via humoral.
[i] Andrew Tomas. Shambala
Ed. Robert Lafont. 1976. Shambala, Oásis de Luz. Trad. Espanha. Plaza
& Plaza, Barcelona 1982
[ii] Jean- Louis Bernard. Appolonius de Tyane et Jesus. Ed. Robert Lafont, 1978
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