terça-feira, 16 de junho de 2020

Apolónio de Tiana, o Médico. A Gestação do Homo Científico


Andrew Tomas escreveu um livro dedicado ao Mestre Morya, o Mestre do 1º Raio, em Shambala, o centro espiritual a partir do qual o mundo é vigiado dentro dos limites das Leis. Também opera a partir de outros lugares. Foi um dos dois Mestres fundadores da ST que coligiu a Teosofia tal como foi inicialmente apresentada aos povos. Para o Mestre, o ensino podia ser confirmado nas referências exactas existentes, indo procurá-las onde elas estão. Significa que podemos fundar uma Filosofia Divina através da investigação das origens do ensino espiritual e religioso e não inventar filosofias. Se o fizermos sem o ”mapa” que os Mestres desenvolveram para nos ajudar, o mais provável é haver maiores confusões.
O livro trata da viagem iniciática de Apolónio de Tiana, um dos veículos de Cristo no início da Era Cristã ([i]) e completa outras investigações sobre o Mestre Apolónio de Tiana ou Apolónio-Cristo. ([ii]) No início da Era Cristã houve uma luta fratricida entre os fiéis de Jesus-Cristo e de Apolónio-Cristo. Nesta Ghiâde, os fiéis do Cristo Aramaico venceram e mataram os fiéis do Cristo Grego, destruindo-lhes os textos e a biografia, cuja investigação foi encomendada a Filóstrato pela mulher do Imperador Septímio Severo, Júlia Dona, por volta do ano 200. De Apolónio pouco restou. Os templos erigidos a Apolónio-Cristo, por Caracala, foram destruídos. A verdadeira Sabedoria exige o Rigor que só a Ciência dos Mestres provê.
Sobre Jesus não existe documentação. De Apolónio houve 97 cartas dirigidas aos Imperadores, o Diário de Damis, o discípulo que o acompanhou durante anos e uma biografia. Muitos na época se interrogavam em quem deviam concentrar a fé: as doutrinas eram iguais, os milagres de Apolónio eram mais numerosos e os talismãs que o Mestre deu para os proteger de tempestades e outros riscos, eram eficazes. Apolónio nasceu em Tiana, na Capadócia, a actual Turquia julga-se que cerca de 4 anos antes da nossa Era, e viajou por todo o Império, tendo sido feito prisioneiro do Imperador, por duas vezes, por razões de estado, que Apolónio criticava sem temor. Tendo nascido em uma família rica, deu todos os seus bens logo que o pai morreu. Frequentou a Escola de Asclépio para ser Médico e cumpriu os cinco anos de silêncio da regra Pitagórica.
Apolónio era um poderoso Iniciado e deu mostras de enfrentar todas as injustiças, impondo o Dever. Um dos seus modos de actuar ocorreu num ano em que havia fome e os mercadores usaram a falta de alimentos para fazer subir os preços. Apolónio foi ter com eles para os convencer a baixarem os lucros. Correu mal e logo os ameaçou de usar a Força: «a Terra é mãe de todos e é justa. Mas vós sois injustos porque quereis monopolizar esta mãe só para vosso proveito. Se não vos arrependerdes não permitirei que vivais.» Os preços desceram de imediato. A «ordem» é ofensiva da beatice cristã; o Dever Divino está acima da Vida, quem não cumpre os seus Deveres para com a Vida não merece viver!
Apolónio tinha recebido das mãos do sacerdote de Apolo do Templo de Dafne as placas que Pitágoras usara para ir receber a sua Iniciação em Shambala, o Governo Interno do Mundo. Nelas estavam assinaladas os pontos de referência que devia percorrer até ao Tibete. Apolónio e o seu discípulo Damis que encontrara na Babilónia fizeram a pé essa viagem de centenas de quilómetros. Quando chegaram ao local, as placas deixaram de funcionar e Apolónio teve de ser oriental por uma Força Espiritual que o guiava. A magia do local foi relatada por Damis.
Os Mestres fazem-se rodear de um círculo mágico perigoso para quem Eles proíbam. Os nativos chamavam a esta terra «a fronteira proibida dos deuses». O caso não era para menos, quando olhavam para trás a paisagem tinha mudado e não havia referências. Aquilo que Damis conta é uma terra maravilhosa onde não havia luz mas pedras fosforescentes, as pantarbes que iluminavam como se fosse dia. Os Mestres para se deslocarem podiam controlar a gravidade apenas com um bastão que batido no chão os fazia erguer e viajar acima do solo. Reza o Diário, que Apolónio esteve alguns meses neste Centro Espiritual.
Os Mestres encarregaram o Iniciado Apolónio de duas missões: enterrar certos talismãs espalhados pelo Império até à Península Ibérica, para serem utilizados nas grandes transformações em curso; fazer a transição dos Imperadores ditatoriais (Calígula, Cláudio, Nero, Vespasiano, Tito, Domiciano, para os Imperadores do tipo Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, que responderam às necessidades do povo e eram sensíveis à Educação e Instrução.
Os materialistas estão a espoliar a Vida Espiritual; dão esmolas aos pobres que ficam dependentes e escravos deles. Com mão pesada conseguiu alterar a crise da Civilização de Roma e proporcionou um grupo de bons Imperadores, na mudança do Ciclo. Muitas vezes vou referir o Gitâ, o livro de 3 102 AC de Krishna ou Cristo no início de Kali Yuga, em que foi ensinada a Filosofia do Dever Divino para esta Idade. Se tivessem lido o Livro (Baghavad Gitâ), para todas as religiões do mundo, era muito mais fácil compreender o ensino religioso posterior.
A Vida destes dois Grandes Seres representa o que Jesus-Cristo disse em Mat. 10:34-37: «Não penseis que vim estabelecer a paz na terra; vim estabelecer não a paz mas a espada. Pois vim causar divisão...» Estamos em era de ruptura com uma Era Evolutiva: da passagem das culturas do Eu inferior para o Eu superior. Sendo a Verdade Espiritual tão diferente, quem não estiver em conflito com a sua cultura, com as ideias por todas repetidas, com hábitos de vida consagrados, não pode ser candidato a discípulo de Cristo. Para ascender no Caminho para Cristo, necessário é cortar as amarras ao inferior, pela Espada. A Presença da Espada em qualquer iniciação tem este significado: circuncisão do coração! É um símbolo de morte das sensações e das emoções desencadeadas por via humoral.


[i]     Andrew Tomas. Shambala Ed. Robert Lafont. 1976. Shambala, Oásis de Luz. Trad. Espanha. Plaza & Plaza, Barcelona 1982
[ii]     Jean- Louis Bernard. Appolonius de Tyane et Jesus. Ed. Robert Lafont, 1978

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