NECESSIDADE DE UMA CULTURA REVERENCIAL DOS
VALORES ÉTICOS
Até
agora não enviei ao Grupo um trabalho de origem Francesa do Carlos Tiago porque
o mais educativo foi a opinião da família de Penicheiros entrevistados que
defendeu: nesta terra o maior valor é a Família e a vida espiritual da família.
Não enviei porque o problema de Peniche não era só a falta de água, era a
falta de tudo. A actual presidência da Câmara e Freguesias tem feito
uma notável recuperação. Faltavam estradas, faltavam esgotos e seu tratamento,
faltavam escolas, faltavam professores, faltava Cultura; faltava electricidade
que levou anos para chegar a Peniche e tenho vergonha de dizer como essa
necessidade foi imposta; faltava assistência; a sopa dos pobres em épocas de
fome era ofensiva da dignidade humana porque tinham de arranjar quem ajudasse e
era insuficiente; faltavam escolas profissionais; a única indústria era a das
conservas de peixe e da construção naval de traineiras que eram mais eficazes
que os velhos barcos a remos, rendas de bilros a baixo custo, perante a
dificuldade de um trabalho de arte, faltavam investimentos mas havia
solidariedade, honestidade nas relações humanas.
Hoje o mar
de Peniche foi domesticado, quando nasci era muito violento e matou duas
cabeças de casal na minha família por serem bons nadadores e terem ido socorrer
pescadores naufragados até ao esgotamento e morte. As mulheres juntaram-se e
ajudaram-se umas às outras para assegurarem a sobrevivência familiar; e todas
acabaram por encontrar modos de «salvar» a Família. Claro que os mais jovens
ficaram proibidos de se aproximarem do mar que ainda era o mar tenebroso e mal
cheiroso, das Descobertas, provavelmente, como era todo o Oceano Atlântico, por
intensa actividade telúrica que matava os peixes gigantes da profundidade.
A família
sobre a qual se centrava o tema tratou da falta de peixe por pesca excessiva; a
caça submarina e pesca de estrangeiros nas nossas águas ajudaram à extinção de
recursos piscatórios. A pesca deixou de ser rentável, o Estado sempre soube colectar
impostos era preciso trabalhar muito para sobreviver. Ninguém alguma vez se
preocupou em saber se aquela gente pobre podia ser massacrada com impostos. Estive
a relatar as minhas memórias que por terem um perfil doloroso tendem a ser
recalcadas porque temos por aí mal que chegue.
Num período
de luta pelo imenso Poder Papal as revoltas contra o Poder dos Reis e da
Nobreza que possuíam as terras ocorreram em Inglaterra. O Povo impôs ao rei
João Sem Terra, a Magna Carta, um documento popular em mau Latim com muitas
palavras em Inglês e Francês que deu origem às Constituições. Os governos
passaram a ter limitações ao Poder mais nuns sítios do que em outros. Na
Alemanha, Frederico II, 1212-1250,
criou estados prósperos graças às Constituições que passaram a reger os Povos e
proporcionaram o desenvolvimento económico. Frederico II, messias para uns,
Anticristo para outros. De todas as experiências feitas a mais eficiente foi a
Portuguesa de um rei Espiritual, D. João I, monge da Ordem de Cristo, por ser
filho bastardo, que os sete anos de idade foi proposto pelo Mestre da Ordem de
Cristo para ser Mestre da Ordem Militar de Avis. Essa criança tinha sido
considerada pelos Espirituais e Franciscanos Mendicantes como aquele que havia
de trazer a Paz e a Glória ao Povo Português e ao Mundo; também por isso e por
causa da guerra civil e do perigo vindo de Castela e Europa foi perseguido. O
ensino Espiritual sob a forma de Ciência e Filosofia Espiritual acabaram por
gerar um Estado, criador de Estados Espirituais, equilibrados. A Crise Soberana de 1383-85 foi curada
através do Camelo resistente à Sede dos sentidos, que transportava os
Quatro Fardos do Poder Divino curador da Alma. Bem o tenho repetido
para mostrar que o tratamento é o instituído pelo Mestre de Avis numa doença da
Alma comece pela Alma e depois pelas Ciências que ajudam a encontrar o modo
operativo mais eficiente. Os fundamentos da Governação era a Filosofia
Espiritual pelo Dever Divino, pelo Sangreal, a identidade Divina que
chega através do Sangue e as famílias passaram a cuidar melhor os que eram do
seu sangue da mesma Alma Espiritual, Ego superior.
Quando
nasci, as famílias Portuguesas ainda se orientavam pela Cultura Espiritual do
rei D. João I que tinha experiência inata das Regras científicas e Espirituais
que passaram a reger as sociedades. Depois da entrega das colónias que
aconteceu quando chegou ao fim a minha mobilização militar tive a experiência
do que foi a descolonização bem dirigida por militares de grande competência
profissional, que continuaram a cumprir as sua missões e mantiveram a ordem
pública. A crise instalada pela luta política não só liquidou as mais-valias do
investimento em Ciência, os sem Deus e sem Alma Espiritual impuseram um sistema
aonde os que têm valores Éticos são perseguidos. A comunicação social
materialista regulada por interesses obscuros atiça o que há de pior na Alma
animal do Homo, convenceu os mais politizados a deixarem a
condição de filho-de-Deus para serem apenas mais um homo parido sem qualificações, igual aos outros homos paridos
quando o igualitarismo substituiu a Igualdade.
.O rei D.
João I foi o primeiro a abolir as Quatro Castas da manifestação, valorizando o
Sangue da Realeza Espiritual, substituindo a Clerezia pelos Espirituais,
religiosos de qualquer Grande Religião, Realeza votada em Cortes, Nobres que
podiam governar se tivessem licenciatura universitária condizente com o lugar
que iam preencher, Mesteirais que cumpriam Artes e Ofícios examinados e
dirigidos pela Casa dos Vinte e Quatro, que incluía regras Éticas, Qualidade e
Preço justos para o tipo de trabalho que prestavam. Como a tradição Espiritual
Lusitana e Portuguesa, secular e milenar, foi destruída pelas políticas
materialistas Francesas e Nórdicas é horrível ver no modo como receberam uma
dirigente política que se interessa pelos problemas humanos e reforçou os
aspectos espirituais da Crise Soberana, explorada pelo aliciamento Demagógico.
As Terapêuticas propostas inadaptadas ao Povo são anti naturais. Resta-nos a
Esperança da Sociedade Fraterna sem
direitos, mas Deveres de
participar.
Humberto Álvares da Costa (Médico)
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